11 meses sem o mestre Dadá

Há 11 meses atrás, mais preciso em 14 de junho de 2008, a gente perdia o mestre e guerreiro Dadá. Diante disso, um mes depois o poeta escrevia:


HOMENAGEM A DADÁ

Gostaria de pedir
Ao meu Jesus lá do céu
Que me desse inspiração
Pra fazer esse cordel
Colocando umas palavras
Nesta folha de papel

Assim como Deus criou
A água que tem no mar
A beleza das plantas
O cheiro que tem o ar
Se inspirou para fazer
O nosso mestre Dadá

Que já nasceu, com certeza
Predestinado a vencer
Fazer o que Dadá fez
É difícil a gente ver
Nossa cultura hoje está
Agradecendo a você

Você que foi defensor
Dessa cultura raiz
Você que honrou o nome
Desta cidade feliz
É um anjo que agora está
Olhando por Janduís

Na capoeira não foi
Somente um professor
Foi sim um mestre capaz
De trabalhar com amor
Você foi um grande homem
É ótimo educador


Eu via sua oficinas
Sempre lá na Permissão
Se empenhando ao máximo
Pra dar uma formação
Na capoeira, na vida
E também na educação

Com certeza aquelas aulas
Serviram para ensinar
À Antonia Eurli de Brito
E aos jovens que estudam lá
Quê aprenderam a ter respeito
Por você Mestre Dadá

Que mais de uma vez
Chegou e me falou
Não desista dos seus sonhos
És um jovem de valor
O que Dadá me dizia
Na minha mente ficou

Muito obrigado Dadá
Eu agradeço a você
Eu nunca fiz capoeira
Nem procurei aprender
Mas escrevo poesia
Para lhe agradecer

Porque você é um marco,
Um artista sem igual
No riso, na capoeira
Você foi sensacional
Você só enriqueceu
Esta cultura local

Quantos jovens hoje estão
Em Janduís a dizer
Mamãe eu quero ser mestre
Um dia quando eu crescer
Quantos jovens, Mestre Dadá
Se espelham em você.

Quantas crianças esperam
Um dia concretizar
Um sonho de ser artista
Na cultura do lugar
Quantas crianças desejam
Fazer o que fez Dadá

Quantas pessoas estão
Homens, meninos, meninas
Seguindo a passos fortes
Com a sua disciplina
Quantos não sonham à noite
Com as suas oficinas.

Até mesmo o berimbau
Não está mais à vontade
Nada está mais igual
Nesta pequena cidade
Do mestre só resta agora
Uma gostosa saudade

Do mestre resta sorriso
Na mente de uma criança
Cada esquina, cada casa
Na capoeira e na dança
No teatro, na poesia
Você não sai da lembrança

Porque quem é artista
Não é esquecido jamais
Fazer o que você fez
Nem todo mundo é capaz
Agradecemos a você
E lhe desejamos paz

E aí perto do senhor
Você possa abençoar
A toda criança que sonha
Todo jovem que chegar
A ter o mesmo desejo
Que teve você, Dadá

E peça pra Jesus Cristo
Olhar para Janduís
Proteger esta cidade
Que vem mantendo na raiz
A cultura desse povo
Que é a maior do país.

Quando alguém chora
Jogue um pouco de alegria
Se o meu verso não sair
Despeje sabedoria
Se uma criança cansar
Dê a ela energia

Peça a todos os Santos
Que olhem esta cidade
Que nunca deixe morrer
Essa grande diversidade
Desta cidade que é
Riqueza da humanidade

Mestre Dadá abençoe
E alivie o sofrimento
Desta cidade que está
Há alguns dias em lamento
Ninguém sabe explicar
Mas sua falta Dadá
Está doendo lá dentro

Cordel produzido pelo poeta popular, MACIEL da comunidade de Permissão município de Janduís pela passagem do 30º dia de falecimento de Dadá, em 14 de julho de 2008.